Pai e mãe que façam o que bem lhes apetece ao
fim-de-semana são seres em vias de extinção, uns resistentes do antigo regime
Os filhos de hoje são uma espécie de hitlerzinhos sem
bigode, uns verdadeiros déspotas domésticos. A época em que os filhos temiam os
pais acabou e assistimos agora a um período revolucionário doméstico em curso
(PRdEC). Hoje quem manda são os filhos; os pais foram depostos e vivem sujeitos
a uma espécie de escravatura dos filhos.
(…)
De histórias como estas estão as escolas, os centros comerciais e
as famílias portuguesas cheias. São os filhos quem mais ordena e não há reforma
agrária, operários ou nacionalizações que se lhes comparem. A luta da
filharada, ao contrário da luta do operariado, está mais que ganha. Um filho de
hoje faz o que quer, tem o que quer, come o que quer e não recebe ordens de
ninguém. Os pais obedecem. Eles acham que os desejos dos seus meninos e meninas
são ordens e cumprem--nas. As regras que imperam são as regras dos gostos: se
eles gostam tem de ser assim. Tudo o resto é secundário, como por exemplo o
acordo dos pais. Um pequeno exemplo desta realidade são os fins-de-semana. Aos
fins--de-semana os pais entretêm-se com quê? Com passear os meninos entre
festas e eventos desportivos das inúmeras actividades em que a criançada
participa. Pai e mãe que façam o que bem lhes apetece ao fim-de-semana são
seres em vias de extinção, uns resistentes do antigo regime. É por isso que ter
filhos hoje em dia é considerado uma loucura - ninguém adere por opção à
condição de escravo.
A verdade é que o regime familiar
não é democrático, nunca foi: dantes mandavam os pais, agora mandam os filhos.
Mas daqui a uns anos logo veremos qual é o melhor regime - os nossos filhos o
dirão.
Por Inês Teotónio
Pereira
publicado
em 21 Dez 2013 - 05:00
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