A Escola ainda tem futuro?
Onde está o futuro da Escola?
Está nos jovens, nas crianças e nos pais que todos os dias a procuram; na população adulta que quer
saber mais; nos desajustados que desejam ser reconvertidos; nos arrependidos
que cobiçam reiniciar um novo ciclo da sua vida; nos que não tiveram oportunidade (porque a vida
também sabe ser madrasta) e agora buscam o alimento do sucesso; na sociedade e
no Estado que já não sabem (e não podem…) viver sem ela e, sobretudo,
pressente-se nos professores e educadores que são a alma, o sal e o sangue de
que se faz todos os dias essa grande construção colectiva.
A Escola é uma organização muito
complexa…É paixão e movimento perpétuo. É atracção e remorso. É liberdade e
prisão de sentimentos contraditórios. É mescla de angústias e espontâneas
euforias. É confluência e rejeição. É orgulho e acanhamento. É todos e ninguém.
É nome e chamamento. É hoje um dar e amanhã um rogar. É promoção e igualdade. É
mérito e inveja. É jogo e trabalho. É esforço, suor e emancipação. É convicção
e espontaneidade. É responsabilidade e comprometimento com todos os futuros. É
passado e é presente. É a chave que abre todas as portas das oportunidades
perdidas. É acolhimento, aconchego, colo e terapia. É a estrada do êxito, mas
também um percurso inacabado, que nos obriga a voltar lá sempre, num fluxo de
eterno retorno.
Porém, também acontece muitas
vezes ser o pião das nicas, o bombo da festa, o bode expiatório, sempre e
quando aos governos dá o jeito, ou lhes apetece.
(…)
A Escola não é um bem
descartável, a gosto de modas e de pseudo conveniências financeiras e orçamentais. A Escola vale
muito mais que tudo isso. Vale bem mais do que aqueles que a atacam. Vale por
mérito próprio, por serviço ininterruptamente prestado, socialmente avaliado e
geracionalmente validado. Por tudo isso, a Escola tem muito e indiscutível
futuro.
João Ruivo
ruivo@rvj.pt
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