domingo, 11 de agosto de 2013

"Vista-se mal e notarão o vestido. Vista-se bem e notarão a mulher." (Coco Chanel)

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“[A ideia surgiu] de tanto eu ouvir as pessoas que eu atendia, principalmente as pessoas com deficiência física, que são os paraplégicos e tetraplégicos, a dificuldade de usar, ter uma vestimenta adaptada”, explica.
O projeto demorou três anos para ser colocado em prática. Dariene revela que o pontapé inicial surgiu “meio que sem querer”, quando recebeu a indicação de uma estilista que poderia tornar reais os modelos que imaginava. “Eu tinha um projeto em mente e meio que me faltava uma pessoa para poder confeccionar a minha ideia, confeccionar esse molde (…). Acabei encontrando uma estilista, e a gente criou um projeto piloto”, explica.
Para a elaboração dos modelos, Dariene afirma que avalia todas as necessidades das pessoas com deficiência com as quais tem convivência.
“De início eu pensei na questão da pessoa com cadeira de rodas, que usa prótese de membro inferior. Dependendo da patologia que ela teve, da sequela, acaba tendo dificuldade… Às vezes é com o comprometimento da parte urinária, às vezes essa pessoa usa fraldas. Se antes ela vestia número 40, vai ter que comprar um número a mais”, diz. Por isso, o modelo de calça que desenvolveu tem elástico e é um pouco mais “fofo” atrás caso a pessoa use fraldas.
As peças também têm aberturas dos lados e fechamento com velcro, que facilitam na hora de serem vestidas (um cadeirante, por exemplo, consegue se vestir deitado). “Algumas pessoas usam cateterismo que é uma sonda de alívio, têm a necessidade de tirar a calça a cada três horas.” Os modelos facilitam, ainda, a vida daqueles que precisam da ajuda de um cuidador para se vestir, comenta.
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Outros projetos
Mas Dariene não é a primeira a pensar em peças de roupas que buscam atender as necessidades das pessoas com deficiência.
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As estilistas Julia Sato e Inaye Brito, ambas de 25 anos, participaram de uma das edições do concurso e criaram uma marca para o setor, a Lira. Ficaram em segundo lugar. “De lá para cá, já desenvolvemos vários projetos juntas, trabalhos apresentados em outras cidades
brasileiras e no exterior”, conta Julia.
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“Para desenvolver as peças, seguimos o conceito de design universal, ou seja, as roupas possuem adaptações importantes, mas que são imperceptíveis”, diz. Ela cita, ainda, que as peças não excluem, pois podem ser utilizadas por pessoas sem deficiência física.
A estilista Driélli Valério de Oliveira, de 25 anos, que usa o nome de Drika Valério para divulgar seu trabalho, também participou do concurso. Foi a vencedora do ano passado. Ela desenvolveu um vestido de noiva adaptado, mas percebeu que a demanda maior mesmo é por peças do dia a dia. “Quando eu comecei a trabalhar com isso, comecei a receber muito pedido de peça casual, os de vestidos são casos mais específicos, 90% são peças casuais.”
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 “Cada deficiência é muito específica, então vamos tentar nos focar em lesão medular (por enquanto) e trabalhar peças bonitas, na moda e funcionais, que vistam com mais facilidade em pessoas que utilizam cadeira de rodas e têm dificuldade em se vestirem sozinhas ou usarem um jeans. Mas o objetivo para o longo prazo é atender a todas as deficiências, inclusive investir em etiquetas e detalhes em braile, para deficientes visuais”, revela.


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