quarta-feira, 21 de agosto de 2013

"Na declaração dos direitos do homem esqueceram-se de incluir o direito a contradizer-se." (Baudelaire)

"É preciso ler", regista Daniel Pennac no tópico 40.º do seu famosíssimo livro Como um romance.



Todas as mensagens vão no mesmo sentido: é preciso pôr as crianças e os jovens a ler, a andarem sempre com um bom livro atrás, a gostarem de ler os autores de renome... porque a leitura, qual "complexo vitamínico", faz bem a tudo quando se está a crescer: enriquece o vocabulário, ajuda a escrever bem, permite descobrir o mundo, ensina a raciocinar, e mais isto e mais aquilo...

Mas, é "sobejamente conhecida... a falta de interesse e gosto que os jovens manifestam pela leitura", diz-se na badana da minha edição popular da Asa, já com dez anos.

Adultos, incluindo professores e pais, muitos dos quais dispensam a leitura, preocupam-se com a rejeição, a aversão ao "mergulho" nessa actividade por parte daqueles que educam, e, assim sendo, não podem deixar de se atormentar: ao aluno, ao filho está destinado um futuro sombrio.

Seduzem, insistem, ameaçam, mas nada parece resultar... resta-lhes conviver com a culpa. E nesta época do ano é pior: as férias estão traçadas para serem um tempo de leitura; se os adultos esclarecidos não conseguem levar os miúdos a ler pelo menos um livro por semana, falharam!

Acontece que "o verbo ler não suporta o imperativo", volto a Pennac, naturalmente. Para atenuar essa culpa, talvez resulte ponderar em cada um dos dez “direitos inalienáveis do leitor” que ele redigiu e explicou com fina ironia e muito saber, no caso, de experiência feito, sobretudo como professor, mas também como pai.

1-O direito de não ler; 
2-O direito de saltar páginas; 
3-O direito de não acabar um livro;
4-O direito de reler;
5-O direito de ler não importa o quê; 
6-O direito de amar os “heróis” dos romances;
7-O direito de ler não importa onde;
8-O direito de saltar de livro em livro;
9-O direito de ler em voz alta;
10-O direito de não falar do que se leu.

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