Envelhecimento é o
principal factor para que docentes tenham menos tempo de aulas, mas também há
cada vez mais professores antes dos 50 anos com horários incompletos por falta
de alunos.
A maioria dos professores do 3.º ciclo e
ensino secundário estão menos de 20 horas por semana nas salas de aulas,
segundo revela uma análise sectorial do perfil do docente em 2014/2015,
divulgada na sexta-feira pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e
Ciência (DGEEC). Ou seja, mais de metade dos cerca de 73 mil docentes destes
níveis de ensino tem horário reduzido.
Até aos 50 anos, os professores dão 22
horas de aulas por semana. A partir dessa idade, tal como estipulado no
Estatuto da Carreira Docente, têm direito a uma redução do seu horário. É o que
se passa com 53,2% dos professores do 3.º ciclo e secundário — que são o maior
grupo do contingente de professores do ensino não superior.
Filinto Lima, presidente da Associação
Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), atribui o
facto essencialmente ao envelhecimento do corpo docente. “A partir dos
50 anos de idade os professores têm uma redução de duas horas no tempo de aulas
e com o avançar da idade esta diminuição pode ir até às oito”, explica.
“Até
há não muito tempo esta redução de componente lectiva começava aos 40 anos [em
média, ao fim de 15 anos de carreira], o que aliás defendo por se tratar de uma
profissão muito desgastante”, diz Filinto Lima. Para este director, a redução
da componente lectiva “não tem criado constrangimentos na organização do
trabalho das escolas, antes pelo contrário”.
Não só porque a esta redução corresponde
um aumento igual da chamada componente não lectiva dos docentes, que pode
passar por trabalho em bibliotecas, reuniões, acções de apoio aos alunos, entre
outros, como também porque permite “a contratação de professores mais novos,
geralmente contratados, para suprir as necessidades criadas” com o
envelhecimento dos docentes do quadro. “Este encontro de gerações entre
professores com mais experiência e outros com métodos de trabalho diferentes é
muito enriquecedor para as escolas”, frisa.
Segundo os dados da DGEEC, entre os
professores do 3.º ciclo e secundário, cerca de 40% têm 50 ou mais anos, o que
aponta para que não seja só o envelhecimento da classe a única razão para que
existam tantos com redução de horário.
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