quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O JÚRI NACIONAL DE EXAMES NÃO O PERMITE.

Pode um candidato a um lugar importante, como o de secretário-geral da ONU, entrar a meio do processo de seleção (enfim, chamam-lhe “escrutínio indicativo”), responder como que apenas às três perguntas do fim (e corrigir as de um concorrente antecessor) e ser aprovado com distinção e proveito? Pelos vistos, pode.
Kristalina Georgieva pode ser um caso muito pouco cristalino. O The Guardian explica como e porquê. Anda Guterres há já cinco sessões a dissertar e a responder a perguntas perante o Conselho de Segurança com o objetivo de conquistar o lugar – a “suar as estopinhas”, portanto – tendo já conseguido ficar muito perto, para alguém sacar agora da cartola uma búlgara eventualmente mais bem preparada do que a candidata sua compatriota Irina Bokova e, fresca que nem uma alface, ganhar o concurso.  Isto merece um ponto de exclamação! Se ganhar, e atendendo às excelentes prestações de Guterres, Kristalina consegui-lo-á por duas razões principais: porque é mulher e porque “alguém” entende que o próximo secretário-geral tem que provir do leste da Europa.

Dir-me-ão que Guterres está perfeitamente a par das contingências deste processo e que, inclusivamente, poderia ser ele a colocar-se na posição de Georgieva. Poderia não ter ido a jogo até ver quem por lá andava e em que paravam as modas. Poderia, mas seria bizarro. As regras estão então muito erradas. Porquê começar formalmente o escrutínio sem estarem todos presentes? E, já agora, porquê o escrutínio sequer, quando tudo se decide entre os chefes dos cinco países membros permanentes, com direito de veto?

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