quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Ver as coisas mais além do que alcança a nossa vista! (A. Aleixo)


Um estudo recente, conduzido por investigadores ingleses, encontrou evidências de relação entre fatores ambientais e o aumento do número de casos de miopia, que tem sido cada vez maior a nível mundial.
As crianças têm de ir para a rua brincar para diminuírem o risco de terem miopia. Este é o alerta dado por uma equipa de investigadores da universidade King’s College London, em Londres, que confirmou que, além da predisposição genética para ter este erro na visão, os fatores ambientais também influenciam o seu desenvolvimento.
A miopia faz com que haja uma redução da qualidade da visão ao longe. Já a visão ao perto não é afetada, a não ser nos casos de miopia muito elevada. Nas crianças, o problema pode facilmente passar despercebido, principalmente se a miopia afetar apenas um olho.
Esta nova investigação pretendia escrutinar conclusões de estudos anteriores que referiram vários motivos para justificar a diminuição do número de casos de miopia em crianças que passam mais tempo ao ar livre, assim como outros fatores que podem fazer com que este problema aumente.
Nos resultados, publicados na revista British Journal of Ophthalmology, a equipa confirmou que longos períodos a fazer atividades dentro de casa aumentam, realmente, o risco de miopia e que é importante haver um maior equilíbrio entre o tempo passado na rua e em casa.
Ao observar resultados de estudos anteriores, a equipa percebeu que, por cada hora extra semanal que a criança passava a jogar videojogos, a probabilidade de ter miopia aumentava 3% devido, principalmente, à proximidade com os ecrãs ou ao maior tempo passado dentro de casa.
Além disso, os pesquisadores fizeram outro tipo de descobertas surpreendentes: através da análise de dados de mais de mil pessoas, a equipa descobriu que as crianças nascidas a partir de tratamentos de fertilidade tiveram uma redução de 37% de miopia no momento do teste da visão na adolescência. Katie Williams, autora do estudo, diz que este resultado pode estar ligado ao baixo peso das crianças no momento do nascimento, o que pode significar um ligeiro atraso no desenvolvimento neurológico.
Pelo contrário, as que nasceram no verão tiveram quase o dobro de chances de serem míopes, o que, segundo os pesquisadores, pode ter a ver com o facto de estas crianças começarem a escola mais cedo.
Também repararam que, por cada nível mais alto de educação da mãe, a possibilidade de o adolescente ter esse problema aumentava 33%. Os investigadores dizem que este resultado pode estar relacionado com uma ligação genética entre inteligência e miopia.
“Nós sabemos de estudos genéticos anteriores em que a genética desempenha um papel importante na variação da doença”, refere Katie Williams. Contudo, diz a autora, a genética não consegue explicar a razão de a miopia estar a tornar-se cada vez mais comum a nível mundial, “já que os genes não podem mudar tão rapidamente ao longo de poucas gerações”. Devem ser, segundo Katie Williams, os hábitos das crianças modernas que têm feito com que o número de casos deste problema aumente.
Como descobrir se o seu filho tem miopia
As crianças com miopia podem queixar-se de dores de cabeça e de cansaço e o seu rendimento escolar pode ser prejudicado. Além disso, têm a tendência de se aproximarem muito da televisão ou dos objetos.
Estes sintomas podem não ser facilmente percetíveis e, por isso, os médicos aconselham a realização de uma consulta de oftalmologia por volta dos três anos que permite detetar a presença de miopia e corrigi-la precocemente.

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