Um estudo recente, conduzido por
investigadores ingleses, encontrou evidências de relação entre fatores
ambientais e o aumento do número de casos de miopia, que tem sido cada vez
maior a nível mundial.
As
crianças têm de ir para a rua brincar para diminuírem o risco de terem miopia.
Este é o alerta dado por uma equipa de investigadores da universidade King’s
College London, em Londres, que confirmou que, além da predisposição genética
para ter este erro na visão, os fatores ambientais também influenciam o seu
desenvolvimento.
A
miopia faz com que haja uma redução da qualidade da visão ao longe. Já a visão
ao perto não é afetada, a não ser nos casos de miopia muito elevada. Nas
crianças, o problema pode facilmente passar despercebido, principalmente se a
miopia afetar apenas um olho.
Esta
nova investigação pretendia escrutinar conclusões de estudos anteriores que
referiram vários motivos para justificar a diminuição do número de casos de
miopia em crianças que passam mais tempo ao ar livre, assim como outros fatores
que podem fazer com que este problema aumente.
Nos
resultados, publicados na revista British Journal of
Ophthalmology, a equipa confirmou que longos períodos a fazer atividades dentro
de casa aumentam, realmente, o risco de miopia e que é importante haver um
maior equilíbrio entre o tempo passado na rua e em casa.
Ao
observar resultados de estudos anteriores, a equipa percebeu que, por cada hora
extra semanal que a criança passava a jogar videojogos, a probabilidade de ter
miopia aumentava 3% devido, principalmente, à proximidade com os ecrãs ou ao
maior tempo passado dentro de casa.
Além
disso, os pesquisadores fizeram outro tipo de descobertas surpreendentes:
através da análise de dados de mais de mil pessoas, a equipa descobriu que as
crianças nascidas a partir de tratamentos de fertilidade tiveram uma redução de
37% de miopia no momento do teste da visão na adolescência. Katie Williams,
autora do estudo, diz que este resultado pode estar ligado ao baixo peso das
crianças no momento do nascimento, o que pode significar um ligeiro atraso no
desenvolvimento neurológico.
Pelo
contrário, as que nasceram no verão tiveram quase o dobro de chances de serem
míopes, o que, segundo os pesquisadores, pode ter a ver com o facto de estas
crianças começarem a escola mais cedo.
Também repararam que, por cada
nível mais alto de educação da mãe, a possibilidade de o adolescente ter esse
problema aumentava 33%. Os investigadores dizem que este resultado pode estar
relacionado com uma ligação genética entre inteligência e miopia.
“Nós
sabemos de estudos genéticos anteriores em que a genética desempenha um papel
importante na variação da doença”, refere Katie Williams. Contudo, diz a
autora, a genética não consegue explicar a razão de a miopia estar a tornar-se
cada vez mais comum a nível mundial, “já que os genes não podem mudar tão
rapidamente ao longo de poucas gerações”. Devem ser, segundo Katie Williams, os
hábitos das crianças modernas que têm feito com que o número de casos deste
problema aumente.
Como descobrir se o seu filho tem miopia
As
crianças com miopia podem queixar-se de dores de cabeça e de cansaço e o seu
rendimento escolar pode ser prejudicado. Além disso, têm a tendência de se
aproximarem muito da televisão ou dos objetos.
Estes
sintomas podem não ser facilmente percetíveis e, por isso, os médicos
aconselham a realização de uma consulta de oftalmologia por volta dos três anos
que permite detetar a presença de miopia e corrigi-la precocemente.
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