Daisy Christodoulou
estuda o desenvolvimento do cérebro e o que daí podemos tirar para melhorar a
educação. Veio a Portugal falar sobre a sua especialidade: criatividade nas
escolas.
(…)
Também defende a existência de disciplinas em vez de
projetos. Convença os pais que agora estão a debater-se com Ciências e História
e veem os filhos serem obrigados a memorizar quantidades massivas de informação
de que isto é bom.
O homem que mais trabalhou a prática foi o professor sueco K. Anders Ericsson, que fala muito sobre
prática deliberada. Diz que para se ser bom em qualquer coisa temos de praticar
não só o objetivo final, mas as pequenas partes, o pequeno conhecimento, que
fazem o objetivo final. Se queremos ser bons a História temos de saber algumas
datas. Se queremos ser bons em futebol, não podemos fazer apenas jogos, é
preciso treinar passes. O ponto de Ericsson é que, para treinar uma grande
competência, temos de a "partir" em pequenas partes e praticá-las.
Portanto, no caso de uma disciplina como História, é preciso saber datas, os
eventos-chave, e temos de as lembrar. Há maneiras de o tornar mais interessante.
O grande desafio para os professores não é dar às crianças coisas que elas já
acham divertidas, mas encontrar maneiras de tornar lúdico o que elas precisam
de aprender. Herbert Simon diz o mesmo. Que a tarefa é encontrar maneiras de
tornar o conhecimento o mais interessante possível, sem perder de vista o que é
importante.
A tecnologia pode ajudar. Por exemplo, há aplicações que podem ser
úteis. A minha favorita, e que uso agora, é Anki. Mas há outras. Quizlet, Duolingo, para as línguas. A tecnologia pode
tornar o processo de aprender factos mais divertido. Mas também quero sublinhar
que Ericsson diz que a prática deliberada é, muitas vezes, difícil. Ele fala em
três tipos de prática: trabalho, jogo e treino deliberado. O trabalho é o que
as pessoas pagam para fazermos. No caso do futebol, é o jogo. Na escrita, é a
composição. E às vezes o trabalho é interessante. Mas no meio está o treino.
Praticar as pequenas partes. Ericsson diz que é difícil, mas é necessário e não
aparece espontaneamente. Ele fala muito sobre a música e como ser bom na
música. O trabalho é a peça que se toca no concerto. O jogo é quando praticamos
com amigos. A prática deliberada são as escalas, tocar as mesmas pequenas peças
uma e outra vez para ser bom nelas. O que nem sempre é divertido. Aprender deve
ser o mais divertido possível, mas é preciso ser honesto e admitir que há um
limite. Podemos pensar no que a tecnologia pode fazer e eu estou interessada na
tecnologia, e há possibilidade para a joguificação, tornar mais lúdico. Devemos
tornar a aprendizagem o mais lúdica possível, sem perder de vista a essência.
Para ler toda a entrevista, clique aqui.
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