O poucochinho de 2016
Que 2017 não reduza a poucochinho, na
escola, os contributos das ciências da vida e saiba acolher as dimensões
humanas e cívicas que delas emanam.
(…)
Foi positiva a extinção do ensino dual. Mas nada foi feito para melhorar significativamente
o ensino profissionalizante nas faixas etárias adequadas.
A
promessa de valorização das artes e da educação para a cidadania não tem, até
hoje, concretização significativa. A chamada “municipalização da educação” não
só foi mantida, como segue em trilhos de reforço. A prometida redução do número
de alunos por turma aguarda melhores dias.
Em
matéria de políticas de inclusão, pura e simplesmente não se conhece nenhuma
iniciativa relevante, nem sequer substanciais incrementos da acção social,
excepção feita à gratuidade dos manuais escolares (que não era prioridade no
contexto das carências e foi ditada por simples motivações populistas, sem o
mínimo estudo das consequências ou sequer relacionamento dos benefícios com os
custos). A educação especial continua desprezada a vários títulos e algumas
iniciativas administrativas ficaram marcadas por um retrocesso que se julgava
impossível.
Foi
positiva a revogação do regime de requalificação dos docentes. Mas continua
suspensa a progressão na carreira e mantém-se o congelamento de salários.
Assim, as condições de vida privada e profissional dos professores,
dramaticamente agravadas entre 2011 e 2015, quando já vinham em degradação
acelerada dos anos anteriores, estão longe de terem sido invertidas. Os vários
estudos produzidos, independentemente das metodologias e das entidades
promotoras, provam-no: preocupantes níveis de burnout, crescimento
acelerado de situações de depressão, sujeição a perversos mecanismos de
controlo e fiscalização e envelhecimento galopante são feridas expostas a que
este Governo ainda não respondeu, incapaz de promover as reformas que já ontem
seriam tardias.
O
clima mais distendido, que algumas alterações legislativas permitiram,
designadamente aquando do arranque do presente ano lectivo, está longe, muito
longe, de satisfazer mínimos exigíveis para reverter o peso da burocracia sem
sentido, que continua a vergar pelo cansaço.
Que 2017 não reduza a poucochinho, na escola, os contributos das ciências da vida e saiba acolher as dimensões humanas e cívicas que delas emanam. Que 2017 deprecie menos e ajude mais os professores a educar os filhos de todos.
Que 2017 não reduza a poucochinho, na escola, os contributos das ciências da vida e saiba acolher as dimensões humanas e cívicas que delas emanam. Que 2017 deprecie menos e ajude mais os professores a educar os filhos de todos.
Santana
Castilho (Público de 11-01-2016)
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