No Laboratório do Bebé de Lisboa
(Lisbon Baby Lab), 42 bebés com trissomia 21 entre os cinco e os 30 meses estão
a ser estudados. Neste laboratório da Universidade de Lisboa quer saber-se
quais são os sinais precoces no desenvolvimento da linguagem destes bebés. Até
agora, percebeu-se que as suas competências para segmentar as palavras se
desenvolvem mais tarde do que nos bebés sem perturbações no
neurodesenvolvimento.
“Surpreendentemente,
os défices linguísticos na síndrome de Down [trissomia 21] estão entre os menos
estudados, em particular no que respeita ao desenvolvimento inicial da
linguagem e comunicação, isto é, as capacidades de perceção e linguagem”, diz
ao PÚBLICO Sónia Frota, diretora do Laboratório do Bebé de Lisboa.
(…)
Até
agora, já se obtiveram dois tipos de resultados. Primeiro, percebeu-se que as
competências para segmentar palavras (sequências de sons que os bebés captam
como sendo palavras) no contínuo da fala desenvolvem-se mais tardiamente nos
bebés com trissomia 21. “No segundo ano de vida, os bebés com síndrome de Down
começam a mostrar competências de segmentar palavras semelhantes às verificadas
a partir dos cinco ou seis meses nos bebés de desenvolvimento típico”, indica a
cientista.
Depois,
os bebés com trissomia 21 também seguem um padrão diferente a segmentar
palavras daquele que se registou em bebés sem perturbações no
neurodesenvolvimento. Este padrão diverge de outros bebés porque “não têm
facilidade em reconhecer as palavras em posições proeminentes do enunciado, que
são posições mais salientes e percetíveis”, esclarece Sónia Frota,
acrescentando que vai apresentar este estudo recente na Conferência do Desenvolvimento Inicial de Bebés e
Crianças, em Lancaster, no Reino Unido, em Agosto.
Sugere-se
assim que os bebés com melhor desempenho em tarefas de segmentação de palavras
têm também um melhor desenvolvimento da linguagem, particularmente a nível
expressivo. “Estes resultados levantam a hipótese de intervenções vocacionadas
para promover a perceção e segmentação da palavra no contínuo da fala poderem
contribuir para favorecer o desenvolvimento da linguagem e da comunicação em
crianças com síndrome de Down”, diz ainda a investigadora.
(…)