sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Bem prega Frei Tomás

A vida dá muitas voltas, e o destino às vezes escreve direito por linhas tortas.
Para os professores que sofreram na pele a campanha vergonhosa do PS de José Sócrates, acusando-os de não quererem ser avaliados no seu desempenho profissional, é difícil não sorrir perante as reacções destemperadas de alguns dos deputados menos produtivos da bancada socialista, ao saberem que a direcção do grupo parlamentar compilou os dados, públicos, referentes ao trabalho parlamentar de cada um.
E, no entanto, esta "avaliação", ao contrário da que criaram para os professores, não atribui "notas", não tem quotas para os melhores nem consequências no vencimento ou na carreira. E também não envolve quaisquer apreciações subjectivas nem tem avaliadores: baseia-se unicamente nos registos parlamentares que permitem ver quem intervém no plenário e quem fica calado, quem comparece às sessões e quem falta, quem se envolve no trabalho das comissões, apresenta projectos e toma iniciativas. Ou, pelo contrário, fica simplesmente quieto no seu cantinho à espera que o vencimento lhe caia na conta ao fim do mês.

Percebe-se que incomode a alguns deputados madraços do PS que se saiba que pouco ou nada fazem, no Parlamento, para justificar o vencimento que auferem e a confiança que neles depositaram os que lhes deram o voto. Mas ficava-lhes bem perceber o quão inaceitável é exigirem para o comum dos cidadãos aquilo que tão veementemente rejeitam quando aplicado, ainda que da forma mais branda, a eles próprios.

Professor ainda não consta nesta lista. Infelizmente, consta em outras...

As profissões que em tempos tinham grande destaque podem estar agora a desaparecer. Saiba o que avança um site da especialidade.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. O ditado popular pode aplicar-se a estas profissões, que pelo progresso e mudança de hábitos vão desaparecer nos próximos anos, segundo avança osite Market Watch, de acordo com a realidade americana.

Entre as profissões que vão desaparecer está a de vendedora da Avon. Com menos vendedoras porta a porta e com a diversidade de espaços a venderem produtos de beleza, a marca de cosmética registou uma perda de cerca de 147 milhões de dólares nos Estados Unidos, no primeiro trimestre do ano. Para algumas portuguesas, ser uma revendedora Avon foi a alternativa encontrada para o desemprego.

Os agentes de viagens também vão desaparecer. Já lá vai o tempo em que o agente era determinante para que se marcasse uma viagem. Actualmente, foi substituído pela internet, mais concretamente por sites que permitem explorar destinos e comparar preços. De acordo com o Bureau of Labor Statistics, o número de pessoas com esta profissão vai sofrer uma queda de 12%, passando de 73 mil, em 2012, para 64400 em 2022, nos Estados Unidos.

Nos dias de hoje, quando surge alguma dúvida sobre um tema, basta pegar no telefone e ficamos esclarecidos. É associado a este contexto de mudança que os vendedores de enciclopédiassão também mencionados como uma das profissões que vai desaparecer. Um dos casos destacados é o da Encyclopædia Britannica, que demitiu há duas décadas a sua força de vendas nos Estados Unidos e no Canadá, após 60 anos de vendas porta a porta.

Os profissionais ligados aos serviços de reparação também podem ter a sua profissão em risco. Com a crise, existem países em que reparar uma torradeira, um rádio ou outro aparelho electrónico pode valer a pena. No entanto, nos Estados Unidos, a prática parece ser comprar novo. De acordo com os dados da empresa de estudos de mercado IBISWorld, esta profissão sofreu uma descida de mais de 10% entre 2010 e 2015.

As operadoras de telecomunicações, incluindo telefonistas e serviços de atendimento, caíram cerca de 44% nos Estados Unidos, registando um total de 108890 operadoras em maio do ano passado, segundo os dados do Bureau of Labor Statistics. No contexto nacional, a evolução tecnológica tem automatizado os processos contribuindo assim para que esta profissão esteja a desaparecer, ainda que exista em algumas empresas ou organismos públicos.



As cartas foram substituídas pelo chat do Facebook ou pelo e-mail, e os carteiros pela internet. Com as estatísticas a apontarem para uma redução de 32% no número de carteiros nos Estados Unidos entre 2012 e 2022, os correios norte-americanos registaram já no ano passado uma perda de 5,5 mil milhões de dólares.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O tempo revela a verdade.(Séneca)

Sociais-democratas denunciam reduções até 20% nas verbas de funcionamento de alguns agrupamentos do básico e secundário. Corte só foi comunicado em junho e obriga escolas a compensar o que gastaram no primeiro semestre

O PSD entrega esta quinta-feira no Parlamento uma pergunta ao Ministério da Educação para saber quais os agrupamentos escolares mais afetados, e em que medida, por cortes nas despesas de funcionamento das escolas do ensino básico e secundário que só foram comunicados às instituições de ensino no final de junho. Segundo os sociais-democratas, está em causa, nalguns casos, a capacidade das escolas pagarem, até ao final do ano, despesas básicas como água e luz.
"Fruto da clara suborçamentação no ensino básico e superior apresentada no OE2016 (...), há agrupamentos de escolas prestes a ficar sem dinheiro para pagar despesas correntes, como as faturas de água ou eletricidade. Muitas dizem inclusivamente que os recursos para 2016 já estão prestes a esgotar-se", escreve o PSD na pergunta enviada ao ministério de Tiago Brandão Rodrigues, e a que o Expresso teve acesso.
O maior partido da oposição socorre-se se uma série de notícias publicadas nas últimas semanas, relatando as dificuldades de escolas em Ermesinde, Maia e Benfica, todas surpreendidas por cortes em relação às verbas que vinham gastando até ao verão.
O PSD explica que, devido ao atraso na aprovação do Orçamento deste ano (que só entrou em vigor em abril), as escolas estavam a trabalhar com base em duodécimos – ou seja, em cada mês gastavam 1/12 das verbas que receberam no ano passado, como sempre acontece nestes casos. "Os agrupamentos de escolas acabaram por só receber a indicação das disponibilidades para 2016 já no final de junho deste ano, tendo sido inopinadamente surpreendidas com cortes das verbas destinadas a despesas correntes, que atingiram em alguns casos os 20%", denuncia o PSD.

QUE CORTES, PARA QUEM, COM QUE CRITÉRIOS?

É sobre esses cortes que o partido exige explicações detalhadas ao Governo: houve ou não um corte (ou congelamento) generalizado nos orçamentos de despesas correntes dos agrupamentos de escolas a nível nacional?; qual foi a percentagem média do corte / congelamento orçamental no todo nacional?; caso os cortes sejam diferenciados, quais foram os critérios seguidos para fazer cortes de diferentes percentagens entre os vários agrupamentos?; o corte foi precedido de algum estudo onde se tenham apurado as necessidades efetivas dos agrupamentos?, entre outras questões.
O PSD questiona igualmente o Governo sobre o problema da falta de assistentes operacionais nas escolas, que nalguns casos prejudicou a abertura do ano escolar. Os sociais-democratas querem saber o que está o Executivo a fazer para resolver esse problema e de que forma vai evitar que a redução do horário da função pública para 35 horas semanais agrave ainda mais esta falta de recursos humanos.


Se a Terra gira ao contrário. E os rios nascem no mar (Loucos de Lisboa, Rui Veloso)

Há mais de 40 anos que o investigador Carlos Neto trabalha com crianças e está preocupado com o sedentarismo. "Há pais que já não têm prazer em brincar com os filhos" (...)

Mas hoje as crianças quase só se relacionam com as outras em atividades organizadas.
Praticamente está tudo organizado quer do ponto de vista das atividades no meio escolar quer nas atividade extraescolares. Se isto ainda não bastasse têm depois uma cultura de ecrã muito agressiva. É muito natural ver crianças à volta de uma mesa de café e não se falam, estão todas a olhar para o iPhone. O corpo em movimento é fundamental para todo o desenvolvimento, não só emocional, também cognitivo, social e emocional. A escola tem de urgentemente mudar o modelo de funcionamento, quer na organização curricular quer na forma como as crianças são mais ou menos participativas. Temos de dar uma espécie de um trambolhão na sala de aula, no sentido de tornar as aulas mais ativas por parte das crianças.

Falta uma política de brincadeira?
Há alguns sinais interessantes do Ministério da Educação de tentar que a vida na escola não seja uma coisa tão formal e tão séria, isto é, de ter tempos mais disponíveis para expressão dramática, educação física, música, dança ou um conjunto de atividades que consigam que o corpo disponibilize maior capacidade expressiva, de empatia, de modo a tornar os cidadãos mais cultos, com maior capacidade de ética e de cidadania e portanto não estar apenas centrado nos rankings. Está provado cientificamente que crianças com maior nível de atividade física e relacional no recreio aprendem mais na sala de aula. Portanto, não podemos querer crianças sedentárias ou a ouvir um conhecimento que muitas vezes não lhes interessa. O ensino não pode ser isto no século XXI.

A gestão do tempo da família também tem de mudar?

Temos de dar um ar fresco a este país, este país não pode estar com esta depressão enorme em que temos pais e professores esgotados, porque as crianças reparam em tudo. Há pais que já não têm prazer em brincar com os filhos, e há professores que já não têm capacidade de perceber a importância dessa atividade espontânea do que é correr atrás de uma bola, subir a uma árvore, fazer um jogo de grupo no recreio ou pura e simplesmente subir o muro e tentar descobrir o que está do lado de lá. Ou ter locais secretos. Como é que nós promovemos a saúde pública e mental numa perspetiva de maior cidadania, de maior empreendedorismo e de maior grau de felicidade? É isso que está em causa quando falamos em promover o corpo em movimento. Nunca foi tão importante o papel dos pais e da família na educação dos filhos no que diz respeito à implementação deste tipo de atividades. Sair com as crianças para a rua e brincar, desfrutar a natureza. Os pais têm de ter mais tempo disponível para fazer este tipo de atividades. É inacreditável que hoje se passeiem mais os cães do que as crianças. Inacreditavelmente faz-se hoje um esforço inadmissível de tornar os robôs mais humanos e ao mesmo tempo estamos a robotizar o comportamento humano.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A voz dos Sindicatos


 Afinal a normalidade propagandeada pelo ME no início do ano é uma miragem.  A lista de fragilidades existentes é visível e preocupante

O Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC) está deveras apreensivo com a realidade vivida na Educação em Portugal.
Na verdade, ano após ano, apesar da identificação e conhecimento dos constrangimentos, o sistema educativo português mantém as mesmas lacunas e o Ministério da Educação (ME) responde-lhes com um silêncio ensurdecedor diante de uma falsa normalidade, revelando realmente uma apatia manifestamente constrangedora.
A anormalidade do sistema justifica-se a si próprio e é o anómalo que atinge foros de normal.
É assim também neste ano letivo de 2016/2017 que se está a iniciar e que os dirigentes do SPZC estão a constatar mais uma vez nas escolas.
Hoje, como nos anos precedentes, sem nenhuma intervenção efetiva do ME continuamos a assistir à existência de um número elevado de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) que continuam sem professores que lhes possam proporcionar um ensino diferenciado que lhes permita a tão badalada e propagandeada inclusão.
Hoje, como nos anos precedentes, continuamos a confrontar-nos com a existência de turmas, no primeiro ciclo, com diferentes níveis de escolaridade.
Hoje, como nos anos precedentes continuamos com turmas numerosas que põem em causa todas as pedagogias de sucesso tantas vezes enumeradas e exemplificadas como modelo a seguir.
Hoje, como nos anos precedentes, continuamos a ter um número elevado de docentes sem colocação, apesar das necessidades que o sistema educativo encerra.
Hoje, como nos anos precedentes, continuamos a ter as escolas sem assistentes operacionais que permitam que funcionem com o mínimo de prestação de serviços, nomeadamente bibliotecas e vigilância nos recreios.
Mas não adianta fazer soar nenhum alarme, seria um verdadeiro despautério. Afinal esta é uma situação normal, aliás recorrentemente normal e desse modo o ME aguarda com normalidade que a modorra transforme em absoluta normalidade o que está mal na realidade. Até quando?
Nós no SPZC não nos calaremos e por isso mais uma vez o denunciamos.

Os alunos, os pais, os educadores, os professores, o futuro da Educação em Portugal assim o exigem.

O JÚRI NACIONAL DE EXAMES NÃO O PERMITE.

Pode um candidato a um lugar importante, como o de secretário-geral da ONU, entrar a meio do processo de seleção (enfim, chamam-lhe “escrutínio indicativo”), responder como que apenas às três perguntas do fim (e corrigir as de um concorrente antecessor) e ser aprovado com distinção e proveito? Pelos vistos, pode.
Kristalina Georgieva pode ser um caso muito pouco cristalino. O The Guardian explica como e porquê. Anda Guterres há já cinco sessões a dissertar e a responder a perguntas perante o Conselho de Segurança com o objetivo de conquistar o lugar – a “suar as estopinhas”, portanto – tendo já conseguido ficar muito perto, para alguém sacar agora da cartola uma búlgara eventualmente mais bem preparada do que a candidata sua compatriota Irina Bokova e, fresca que nem uma alface, ganhar o concurso.  Isto merece um ponto de exclamação! Se ganhar, e atendendo às excelentes prestações de Guterres, Kristalina consegui-lo-á por duas razões principais: porque é mulher e porque “alguém” entende que o próximo secretário-geral tem que provir do leste da Europa.

Dir-me-ão que Guterres está perfeitamente a par das contingências deste processo e que, inclusivamente, poderia ser ele a colocar-se na posição de Georgieva. Poderia não ter ido a jogo até ver quem por lá andava e em que paravam as modas. Poderia, mas seria bizarro. As regras estão então muito erradas. Porquê começar formalmente o escrutínio sem estarem todos presentes? E, já agora, porquê o escrutínio sequer, quando tudo se decide entre os chefes dos cinco países membros permanentes, com direito de veto?