sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O (verdadeiro) reforço

O futebol pode ter vários defeitos. No entanto, fica difícil questionar a capacidade que a paixão pelo esporte tem de transformar. Pode ser uma realidade social ampla. Mas não é preciso de muito para mudar para a melhor a vida de uma criança. Sem nem se importar com seus torcedores, muitas equipes conseguem isso. O Ajax, por sua vez, agiu para dar esperança da vida a um pequeno fã com uma grave doença.
Jay-Jay Willems tem apenas nove anos e já é um fanático pelos Godenzonen. O garoto sofre de Síndrome do Cólon Irritável, enfermidade crônica no intestino. E, em meio ao tratamento da doença, o menino teve um alento ao visitar a Amsterdão Arena: foi anunciado como novo reforço do Ajax, pelo próprio técnico Frank De Boer.
“Eu gostaria de apresentar um novo jogador. Jay-Jay é um atacante que tomou nossa atenção nos treinamentos. Com suas qualidades, acho que ele pode eventualmente jogar no time titular. Olhamos para as estrelas do futuro. Veja este cara. Jay-Jay é rápido, inteligente, ágil. Conhece muito sobre futebol. Prestem atenção nele, é outro herói nascido no Ajax”, declarou De Boer, durante o faz de conta acompanhado pela mídia.

Depois disso, Jay-Jay ainda pôde participar das atividades com o resto do elenco dos Godenzonen. E a oportunidade foi ainda maior no final de semana, quando o menino se aqueceu dentro de campo antes da partida contra o NAC Breda, pelo Campeonato Holandês. Ele também foi apresentado no telão para toda a torcida e deu o pontapé inicial do jogo. Nada melhor para que o pequeno torcedor se motive e siga em frente em sua árdua rotina de luta contra a doença.
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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

"Que ninguém se engane: só se consegue a simplicidade através de muito trabalho." (Clarice Lispector)

Médico inventa dispositivo que impede perda de audição
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Um médico sueco que trabalha nos hospitais algarvios e ensina na Universidade do Algarve desenvolveu um dispositivo que impede a perda de audição das crianças. Com esta investigação, Armin Moniri foi distinguido na semana passada pela rainha Silvia da Suécia.
O trabalho de investigação do médico Armin Moniri levou a que 80 por cento das crianças tratadas se curassem da otite média serosa sem recurso a cirurgia.
Este médico sueco, que trabalha no Centro Hospitalar do Algarve, concebeu em casa um método artesanal que consiste, afinal, num brinquedo para a criança.
O facto de as crianças com otite serosa soprarem o balão ajuda a equilibrar a pressão e arejar o ouvido médio. Num mês, pode estar quase curada.
Quando começou o estudo e o tratamento, ajudado por vários colegas do serviço de otorrino do Centro Hospitalar do Algarve, Armin Moniri, 39 anos, deparou-se com crianças que já estavam referenciadas para serem alvo de cirurgia.
O médico admite que o facto de ter um peluche no dispositivo ajuda muito.
Com esta investigação, Armin Moniri foi distinguido na semana passada pela rainha Silvia da Suécia, que tem em Gotemburgo uma Fundação e um Hospital Pediátrico com o seu nome.
O método de Moniri já foi patenteado e começará a ser comercializado este ano por uma empresa sueca.

In: TSF com áudio

A face visível do iceberg

Cerca de 250 milhões de crianças não estão a aprender a ler, alerta UNESCO

Cerca de 250 milhões de crianças no mundo não estão a aprender a ler, revela hoje um relatório da UNESCO, alertando que a educação está em crise, com os governos a precisarem de perto de 129.000 milhões de dólares anualmente.
Um ensino inadequado em todo o mundo deixou um legado de analfabetos mais generalizado do que se pensava inicialmente, avança o relatório anual da UNESCO. O documento informa que uma em cada quatro crianças nos países pobres não consegue ler uma frase, com a percentagem a elevar-se para 40% nos países da África Subsaariana.
“Qual é o sentido da educação se as crianças após cinco anos na escola saem sem as habilitações que precisam?”, questiona Pauline Rose, responsável pelo relatório de cerca de 500 páginas sobre Educação Global.
Num terço dos países analisados, menos de três quartos dos professores do ensino primário existentes foram treinados para normas nacionais, enquanto 120 milhões de crianças em idade primária em todo o mundo tinham pouco ou nenhuma experiência escolar. “Nos últimos dez anos, as pessoas que vivem nos grupos mais marginalizados continuaram a ser privadas de oportunidades educacionais”, frisou Pauline Rose no documento.
Trinta e sete países monitorizados pelo relatório estão a perder pelo menos metade do montante que gastam em educação primária, porque as crianças não estão a aprender, revela a UNESCO.
Em países desenvolvidos como França, Alemanha ou Reino Unido, os filhos de imigrantes ficam atrás dos seus pares, realizando muito pior as metas mínimas de aprendizagem. Também grupos indígenas na Austrália e Nova Zelândia enfrentam problemas semelhantes, revela o relatório.
“O acesso não é a única crise – a má qualidade está a atrasar a aprendizagem daqueles que conseguem ir à escola”, escreve a diretora geral da UNESCO, Irina Bokova, no prefácio do relatório.
Cerca de 250 milhões de crianças em todo o mundo não aprendem o básico, segundo o documento, que lembra que em 2011 havia 57 milhões de crianças fora da escola, metade das quais em países afectados por conflitos.
Para ser alcançada uma melhoria, é necessário “professores competentes”, argumenta o relatório, chamando os governos “a formar e a colocar os melhores disponíveis para aqueles que mais precisam”.
Os professores devem receber formação inicial que combine “o conhecimento dos assuntos a serem ensinados com o conhecimento dos métodos de ensino”, bem como formação sobre “como concentrar a ajuda às crianças desfavorecidas”.
O relatório recomenda ainda que os professores sejam colocados “em áreas onde a ajuda é mais necessária, criando incentivos para que se comprometa a educação a longo prazo, como “um salário que corresponda, pelo menos, às suas necessidades básicas, boas condições de trabalho e uma oportunidade de carreira”.
In: Público

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Ninguém diga que bem está


Esta reflexão vital foi o mote de partida utilizado por Brian Kearney-Grieve, director executivo do Programa para a Conciliação e Direitos Humanos da Atlantic Philanthropies, na conferência sobre Deficiência e Inclusão realizada no passado dia 11 de Novembro na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).
A conferência foi organizada pela Fundação e pelo Centro Europeu de Fundações (EFC), com o apoio do Centro Português de Fundações.
Sofia Lourenço, gestora de políticas na Comissão Europeia, referenciou a temática das políticas europeias para a deficiência defendendo a ” acessibilidade como pré-requisito para uma participação total na sociedade e para o pleno exercício dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência…”, e, afirmou que “…a falta de condições de acessibilidade pode representar uma barreira impeditiva para as pessoas com deficiência de exercerem plenamente os seus direitos fundamentais, incluindo os de cidadania da União Europeia, limitando a sua participação e liberdade no acesso ao emprego, educação e formação, saúde, desporto, lazer, actividades culturais e recreativas”. Esta ideia foi corroborada por Carmen Arroyo de Sande, do EFC, ao afirmar a necessidade da criação de uma sociedade acessível a todos e, o papel primordial das pessoas com deficiência na defesa dos seus direitos.
Miguel Palha, Jorge Casimiro, Jorge Falcato Simões, Vera Bonvalot e Salvador Mendes de Almeida apresentaram experiências e pontos de vista sobre questões relativas às acessibilidades, comunicação e informação para a inclusão das pessoas com deficiência, sublinhando a importância de passar à acção.
Neste dia a Fundação a recebeu a distinção Selo Acesso que reconhece o esforço na criação de melhores condições de acessibilidade para quem tem necessidades especiais. A administradora da Fundação, Isabel Mota, recebeu o prémio orgulhosa, e deixou a promessa de que a Gulbenkian continuará a melhorar as suas estruturas para que possa ser cada vez mais acessível a todos.
Acessibilidades na Gulbenkian  

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

"O único lugar onde sucesso vem antes do trabalho é no dicionário." (Einstein)

O Centro Hospitalar da Cova da Beira está a organizar a Jornada de Formação subordinada ao tema “Dificuldades de Aprendizagem Específicas – Rumo ao Sucesso de Todos os Alunos”, a acontecer no próximo dia 14 de fevereiro de 2014 (sexta-feira) no Auditório do Hospital Pêro da Covilhã.
Esta iniciativa é fruto de uma parceria entre o Centro Hospitalar da Cova da Beira e o Agrupamento de Escolas “A Lã e a Neve”, destinada a professores, encarregados de educação, profissionais de saúde e estudantes.
Ver programa

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domingo, 26 de janeiro de 2014

Indigno-me, logo existo

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Uma pastora causou indignação ao afirmar que em sua igreja, um amputado ou portador de necessidades especiais pela ausência de algum membro não pode pregar ou dirigir um culto.
Maria Luisa Piraquive, líder da Igreja de Deus Ministério de Jesus Cristo Internacional, disse entender que não é “certo” que alguém que não tenha qualquer parte do corpo dirija a Palavra à congregação.
“Por exemplo, vamos dizer que um irmão muito dedicado e usado pelo Senhor na igreja, infelizmente sofreu um acidente e perdeu um membro de seu corpo. A partir desse ponto, ele não pode pregar. Isto, por causa da consciência. Quero dizer, as pessoas vão dizer que eles não gostam disso [deficiência] e não retornarem. Outros dirão que é por causa da estética”, afirmou a pastora Maria Piraquive.

Tentando reforçar seu argumento, a pastora ilustrou: “Algumas pessoas vêm para a igreja, sem um olho, sem um braço ou uma perna ou defeitos físicos , você não pode nomear essa pessoa como um pregador, por questão de consciência, porque isso é errado”, comentou.(…)

sábado, 25 de janeiro de 2014

Grande Entrevista

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A Grande Entrevista.
Com Daniel Sampaio - Professor universitário; psiquiatra e terapeuta familiar
Entrevistador: Vitor Gonçalves

TEMAS ABORDADOS
Bullying
Depressão
Suicídio
Saúde Mental nas escolas
Tragédia do Meco que vitimou 6 jovens
...

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Adequar é preciso

Tenho sido interpelado com algumas questões relacionadas com a realização dos testes intermédios pelos alunos com necessidades educativas especiais, uma vez que não existem orientações específicas para estes alunos, à semelhança dos exames nacionais.
O documento "Projeto Testes Intermédios 2013/2014 - INFORMAÇÃO AOS ALUNOS, PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO" refere, entre outros aspetos, que compete à escola assegurar que a realização do teste intermédio obedece às mesmas normas que presidem à realização de qualquer prova de avaliação interna e que todas as  situações serão enquadradas nesse âmbito.
Depreende-se, então, que os alunos com necessidades educativas especiais podem beneficiar das condições de realização previstas nos respetivos programas educativos individuais, à semelhança da realização de uma prova interna a qualquer disciplina.
No caso dos exames de inglês do 9.º ano de escolaridade, foi solicitada informação sobre algumas tipologias das necessidades educativas especiais, nomeadamente as sensoriais e dislexia, para que as provas venham adaptadas.

"Feliz aquele que não se condena na decisão que toma." (Textos Bíblicos)

When it comes to New Year’s resolutions, we all hear about the typical weight/health/finance related promises we make to ourselves – but why not use this yearly changeover to make some classroom promises instead? We can all use some new goals, and our students will be the ones benefiting from the changes with us. Win-win, I’d say!
The modern teacher juggles a dynamic sets of roles and tasks, from friend, coach, and leader, to agent of literacy, technology pioneer, and stoker of curiosity. To help you get started on your personal list of classroom resolutions and goals, here are five great ideas that can be implemented in any level of class.
1.    I will experiment with technology that scares me.
This is your chance to try some new things with your students. ‘New Tech’ doesn’t necessarily refer to a completely different piece of technology being used each week, but rather to a commitment to try new ways of using tech in your teaching.
Whether you’re using old technology in new ways, or new technology in traditional ways, challenge yourself to do something “scary”–nothing literally terrifying, but rather an app or method of student access to content or digital communities that forces you to learn new things.
Obviously, use your best judgment here. The idea is not to stir up trouble or get yourself fired, but rather to push yourself out of your comfort zone as you continue to modernize and refine your craft for 2014.
2.            I will consistently try new approaches to learning.
For example, No-Plan Friday.
Don’t confuse ‘no plan’ with ‘no planning’! ‘No plan’ teaching is a great way to get students excited for a lesson each week. You still need to plan the objectives of the lesson, but you can leave the activity unplanned. Start the lesson with a discussion  about the goals and objectives you want students to be working towards that day. Then, see where the conversation leads you!
Allow students to share their creativity by working on open-ended and mostly unstructured work. This can really help to target different learning types, as each student can choose what works best for them. Some may work in small groups, while others choose to work alone. At the end, each student or group should share their creation with the class. This makes for interesting presentations as the class is treated to a variety of skits, stories, newscast videos, or informational posters. The sky (and student imagination) should be the limit!
3. I will teach through moments.
Commit yourself to building stronger relationships with your students. Make a point of speaking with at least one student each day about something completely unrelated to classwork or school activities.
Keep track of who you speak with to make sure that you get around to everyone before starting over again. Some students seek out their teachers to share stories and build bonds, but this resolution can certainly help you to show all your students that they are important and valued members of your classroom community. Don’t forget to share some stories about yourself as well!
4.            I will create a system that honors students.
One idea? An end of the month Ceremony.
The last school day of each month is a great time to highlight the successes of your class and students. Put some time aside to acknowledge the students that have been working well, putting in good effort, or helping their community.
Highlighting personal successes can go a long way as well – if you know a student advanced his level in karate, mention it to the class! If a student deserves to be thanked for something, do so! Allow students to raise their and to give thanks to others as well (the impact of “thanks for letting me play with you at recess” shouldn’t be underestimated). Allowing a bit of time to celebrate successes and give special thanks can only add glue to the bonds students forge with you and with each other.
5.            I will think literacy backwards.
Literacy Monday is one way to try this.
In Literacy Monday, challenge students to read something new each weekend, and take up the challenge yourself! This might be a great time for you to catch up on new trends in your field by committing to read at least one new article each week. Students can choose from stories or articles related to their personal interests. It’s important to let your students choose what they read (even if it means reading walkthoughs of video games each week), as the goal is to help them recognize the benefits of literacy in their personal lives.
Each Monday, open a discussion where students can share some information about what they read. You, as the teacher, can even start things off by sharing what you learned in your article. I have found that older students tend to be especially interested in discussing new trends in education. You may just find inspiration for a project that the class can be very excited about completing!
Conclusion
There are countless more ideas for resolutions that can make your classroom an even better pace than it already is. Please share some of your own ideas with other readers by leaving a comment below! You never know what ideas will resonate with a fellow teacher.
Oh, and I’d like to wish a happy and safe New Year’s to you and to your students!


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Escolha a sua opção, contanto que seja Inclusão


Sob o fundo branco, aparecem quatro círculos, dois em cima, dois em baixo, cada um com uma palavra escrita sobre ele. No primeiro, intitulado Inclusão, predominam bolinhas verdes, que convivem com amarelas, azuis e vermelhas dentro do mesmo círculo. No círculo intitulado Exclusão, as bolinhas verdes estão dentro do círculo e as bolinhas amarelas, azuis e vermelhas encontram-se à volta dele, do lado de fora. Na imagem Separação, no círculo grande estão as bolinhas verdes e em outro círculo menor, ao lado, aparecem as bolinhas vermelhas, azuis e amarelas. O círculo Integração traz bolinhas verdes e um segundo círculo menor dentro dele, onde se encontram as bolinhas vermelhas, azuis e verdes.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

"Mesmo que as esperanças que criaste sejam frustradas, a esperança tem que ser mantida." (Seamus Heaney)

Bill Gates acredita que não haverá países pobres até 2035

O homem mais rico do mundo revelou hoje na sua carta anual que nas próximas duas décadas deixará de haver países pobres.
Bill Gates, o homem mais rico do mundo e dono da Microsoft, disse hoje que até 2035 nenhuma nação será tão pobre quanto qualquer uma das 35 que o Banco Mundial classifica actualmente como de baixos recursos, mesmo ajustando a inflação.
Na carta anual publicada hoje no site da Fundação Bill & Melinda Gates, o multimilionário diz que a maioria dos países terá um PIB per capita em 2035 maior do que tem hoje a China.
Para Bill Gates, há "três mitos" que bloqueiam o progresso dos pobre : os países pobres estão condenados a ficar pobres; a ajuda externa é um grande desperdício; e salvar vidas leva ao excesso de população.
"Acreditar que o mundo está a ficar pior, que não podemos resolver a extrema pobreza e a doença, não é apenas um erro. É prejudicial ", escreve Gates. "O mundo está melhor do que nunca. Em duas décadas, será melhor ainda", diz.
A Fundação Gates já distribuiu 28,3 mil milhões de dólares em doações desde 1997 para financiar projectos em programas de saúde e de desenvolvimento e de educação global nos EUA, segundo o site da organização.

A «sincronia espacial e temporal» do ver, ouvir e tocar ao mesmo tempo que se lê

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De acordo com um estudo de janeiro deste ano, publicado na SAGE Open, o acesso a e-books por parte de crianças tem um impacto positivo nos seus níveis de literacia.
O relatório investiga de que forma diferentes ferramentas digitais – iPad, iPod e outras tecnologias touchscreen – captam e mantêm a atenção das crianças para material impresso distribuído digitalmente.

O estudo, intitulado Young Children’s Engagement With E-Books at School: Does Device Matter? (de Kathleen Roskos, Yi Shang, e Emily Gray da John Carroll University e Karen Burstein do Southwest Institute for Families and Children), examina a utilização de ebooks como recurso curricular em literacia pré-escolar e aprendizagem da linguagem, e os seus autores concluem que a «sincronia espacial e temporal» do ver, ouvir e tocar ao mesmo tempo que se lê pode ser a chave para captar a atenção das crianças para o texto eletrónico  de uma forma que favorece experiências de literacia e de aprendizagem precoces.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

"Gostar de ler é trocar horas de tédio por outras deliciosas." (Baron de Montesquieu)

A propósito da entrevista de Teresa Calçada, até há pouco responsável pela Rede de Bibliotecas Escolares, algumas notas depois de sublinhar o trabalho po si realizado ao longo destes anos.
Na entrevista é muito focado o papel dos recursos, livros e bibliotecas, e da sua acessibildade bem como do impacto das novas tecnologias e os riscos decorrentes das dificuldades económicas para este tipo de projectos.
Como várias vezes tenho afirmado e julgo consensual, a questão central não é de livros, bibliotecas (escolares ou de outra natureza) ou o papel dos "tablets", a questão central é o LEITOR, ou seja, o essencial é criar leitores que, quando o forem, procurarão o que ler, livros por exemplo, espaços ou recursos, biblioteca, casa ou escola e suportes diferente, papel ou electrócnico.
Creio que também estaremos de acordo que um leitor se constrói desde o início do processo educativo. Desde logo assume especial importância o ambiente de literacia familiar e o envolvimento das famílias neste tipo de situações, através de actividades que desde a educação pré-escolar e 1º ciclo deveriam, muitas vezes são, estimuladas e para as quais poderiam ser disponibilizadas aos pais algumas orientações.
Nos primeiros anos de escolaridade é fundamental uma relação estreita com a leitura, não só com os aspectos técnicos, por assim dizer, da aprendizagem da leitura e da escrita da língua portuguesa, mas um contacto estreito e regular com a actividade de leitura, seja do que for, considerando motivações e culturas diferenciadas apresentadas pelos alunos. 
Só se aprende a ler lendo, só se aprende a escrever, escrevendo, etc.
Neste contexto, não posso deixar de ficar um pouco preocupado com o rumo da educação escolar, neste caso centrando-me no 1º e 2º ciclos, com a introdução das metas de aprendizagem com os conteúdos e volume que apresentam.
Como muitas vezes tenho afirmado e alguns estudos vão demonstrando, as metas curriculares, tal como estão definidas na formulação e quantidade, pois não tem que ser assim, transformam o trabalho do professor com turmas lotadas na gestão de uma checklist de realizações. Como exemplo, para Português no 1º ciclo temos um total de 177 objectivos e 703 descritores. Por anos, temos no 1º ano 33 objectivos e 143 descritores, no 2º ano, 47 objectivos e 168 descritores, no 3º ano, 51 objectivos e 202 descritores e no 4º ano, 46 objectivos e 190 descritores. Se juntarmos Matemática teremos mais 72 objectivos e 323 descritores. É obra!
Parece relativamente claro que com este caderno de encargos obrigatório, sublinhe-se, o tempo para ler, apenas ler, dificilmente se conseguirá.
A relação das crianças com os materiais de leitura e escrita assentará nos manuais e na aquisição pressionada dos ""descritores" e pouco mais. Restará o tempo das AECs onde, apesar de algumas experiências interessantes, também nem sempre têm os conteúdos mais adequados e o tempo de casa que em muitas famílias, cada vez mais famílias, é curto.
Neste contexto, embora desejasse muito estar enganado, acho difícil construir miúdos ou adolescentes leitores que procurem livros em casa, em bibliotecas escolares ou outras e que usem o "tablet" para ler e não para uma outra qualquer actividade do mundo que tornam acessível.

Oxalá me engane mesmo.

domingo, 19 de janeiro de 2014

“Pensava que ia fazer uma descoberta e desemboco num lugar-comum”. - disse o Tiago


Fascinante frequentar a escola? O meu aluno Tiago diz que não. A maior parte das aulas são seca e, as que o não são, acabam estragadas pelos colegas de turma que só fazem barulho. E depois, diz ele, é tudo muito lento, muito repetido, não se avança. De repente, aparece uma questão verdadeiramente importante, mas não se aprofunda. Fica-se pela rama. “Pensava que ia fazer uma descoberta e desemboco num lugar-comum”.
O que é que para ele seria fascinante? Uma escola que misturasse 3 palavras: múltipla, fluida, desafiante. Múltipla, nas possibilidades de escolha em vez dos carreiros obrigatórios que conduzem a quadrados alinhados. Fluida, numa interconectividade semelhante à proporcionada via online.Desafiante, em propostas mais parecidas com o trabalho a sério do que com exercícios escolares.
Olho para o Tiago, a pensar em tudo o que separa as nossas gerações. Ele nos seus 15 anos e eu nos 60. A geografia da minha adolescência desenhava-se rapidamente numas poucas ruas da minha cidade, na linha de caminho de ferro até ao Porto, na praia de Espinho, no verão. No dizer de Michel Serres, é uma geometria métrica, de centralidades e de distâncias. Porém, o Tiago acede à velocidade da luz, a todos os lugares físicos ou imaginados. A tal ponto, que uma vez comentava comigo: “a rapidez do automóvel? É mas é enervante. Já viu o tempo absurdo que se demora a percorrer uma distância !!! Ora uma pessoa pensa e está lá imediatamente. Assim é que devia ser: não esta lentidão imposta pela realidade física. É como se eu tivesse de viver num mundo que não é o meu!”. 
Eu nem encontrei o que dizer.
Não é só a geografia que é completamente diferente. No livrinho “La Petite Poucette”, de 2012, Michel Serres aponta as novidades do mundo de hoje como uma revolução profundíssima, equivalente à de Guttenberg: as novas tecnologias não só permitem um acesso universal aos lugares, com o GPS e o Google Earth, aos saberes, com a Wikipedia, às pessoas com o Facebook, como também ativam, no cérebro, novas capacidades cognitivas e imaginativas. 

Os jovens de hoje estão equipados com ferramentas extraordinariamente potentes de acesso e troca de informação e opinião. Há possibilidades novas e variadas para fazer ouvir a sua voz, construir projetos, avançar com ideias novas. 
Corresponderá este acesso a uma verdadeira emancipação? Tal não está assegurado. As máquinas poderosas que os jovens manipulam de forma tão extraordinária tornam-nos mais ou menos capazes? Porque o avanço tecnológico pode conduzir a incapacitação ou mesmo alienação. Foi o que aconteceu com a proletarização industrial do século XIX que, desapossando o trabalhador do seu saber fazer, o transformou no operador de uma máquina estranha que lhe rouba a individualidade.
O que é que se ganha? O que é que se perde?
Quando vamos ainda na infância da expansão do online, os jovens já estão formatados pelos medias que “lhes destruíram meticulosamente a faculdade de atenção ao reduzirem a duração das imagens a 7 segundos e o tempo de resposta a perguntas a 15. Nos ecrãs, a palavra mais vezes repetida é morte e a imagem mais exibida a de cadáveres”. Isto, segundo ainda Michel Serres, que avança números oficiais. Esta constatação não augura nada de bom.
Os funcionários das empresas high-tech de Silicon Valley gastam fortunas para que os filhos frequentem escolas sem conexão internet. Estão bem conscientes dos riscos de dispersão e de adição que o computador transporta consigo. “ A indústria do digital é planetária e está orientada, em primeiro lugar, para o consumo desenfreado de produtos – muitos deles “culturais” – com um marketing agressivo e aditivo que visa a captação e o controle cada vez mais fino das consciências e dos desejos individuais”. 
A escola poderia ter um papel essencial na criação das condições e relações sociais para que o uso das novas tecnologias se tornasse emancipatório. Precisaria porém de funcionamentos de cidadania em que todos fossemos produtores, em vez de sentar os alunos em cadeiras no seu papel (mais uma vez) de consumidores passivos. Qual é a participação do aluno na construção da vida da escola, onde passa tantas horas? 
De que modo é integrado no esforço comum de inventar lugares e laços que permitem que todos estejamos mais presentes, mais atentos, mais disponíveis? É incrível como arredamos os alunos do trabalho, isto é: da construção do mundo, ao pretender protegê-los para que pudessem estudar. Hoje, em Portugal, a criança é um objeto de luxo, inútil e frágil, envolto em algodão, ao abrigo da realidade. Pudesse a criança escolher: não fugiria do algodão para correr todos os riscos que lhe são devidos num mundo de verdade?
A visão de uma sociedade que – a corresponder ao que se pronuncia – será a de indivíduos atuantes, sem o espartilho dos aparelhos ou dos antigos grupos de pertença é potentemente transformadora dos papeis do professor, da escola, da educação. O que pode ser fascinante, não só para o Tiago e os colegas, mas também para nós, professores, é o comprometimento na construção duma sociedade nova que está a nascer. Começando por construi-la dentro da escola. Uma sociedade de funcionamentos democráticos, intervenientes e construtivos. Com a assunção de todos os riscos que tal implica.
Nos últimos anos, parece que nós, professores, nos sujeitamos a procedimentos muito burocraticamente conformes, para nos sentirmos protegidos. Mas daí resulta que não nos revemos no nosso trabalho, tão pobre é a marca pessoal que lá deixamos. 
A nossa proteção é a nossa morte!
Na vida das escolas, dentro e fora da sala de aula há falta de épico. A adolescência precisa de épico, essa confiança desmedida e irracional na sua capacidade de fazer o mundo. Em vez disso, rotinas anestesiantes que se substituem ao exercício livre do discernimento e da decisão. Ninguém gosta de trabalhar com objetivos impostos. Nós não gostamos, os alunos também não! Dentro e fora da sala de aula, é preciso que os objetivos sejam construídos coletivamente. 
Com o tipo de jovens que hoje está nas escolas, se nos pusermos a trabalhar com eles, ombro a ombro, não podemos saber que escola surgirá, mas adivinho-a MÚLTIPLA, FLUÍDA, DESAFIANTE. Como queria o Tiago.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

"Esperar é desmentir o futuro." (Emil Cioran)

5 Estratégias das empresas para melhorar a mobilidade urbana
As empresas podem mudar a mobilidade das cidades, estipulando horários mais flexíveis para os seus colaboradores ou desenvolvendo estratégias de trabalho a partir de casa. O assunto tem estado, nos últimos anos, nas prioridades não só de empresas e cidadãos mas também de organizações como as Nações Unidas.
A ONU, de resto, já referiu que, até 2050, cerca de 80% da população mundial viverá em cidades – e que algo terá de ser feito para que saúde, economia e bem-estar não se tornem refém das filas, engarrafamentos e caos urbano.
(…)
1.Horários flexíveis
Os cidadãos terão cada vez mais flexibilidade de entrarem mais tarde e saírem, também, mais tarde. Esta é uma das chaves da nova mobilidade urbana e já é utilizada por muitas empresas: é estabelecida a quantidade horas que o funcionário deve cumprir numa semana – e ele monta o seu horário da forma que entender.
2. Trabalhar a partir de casa
Ao permitir que os seus colaboradores trabalhem em casa durante alguns dias da semana, as empresas estão a ajudar a reduzir os índices de congestionamentos nas cidades. Para tal, é preciso que chefes e colaboradores tenham uma boa relação.
Esta medida não foi bem implementada, porém, nos Estados Unidos, pelo que deverá ser trabalhada de forma cautelosa.
3.Sistemas de telecomunicação
Ao apostarem em equipamentos de telecomunicação que permite que os funcionários realizem reuniões sem deixarem o espaço físico da empresa, estas estão a ajudar a reduzir os engarrafamentos. Com esta opção, a empresa também reduz drasticamente os seus custos.
4.Políticas de incentivo
Há empresas que promovem boleias para o trabalho – entre os funcionários que vivem perto – e idas para a empresa de bicicleta, skate ou mesmo a pé. Nestes caso, muitas empresas têm construído balneários e vestiários para quem precisa de um banho matinal.
5.Plano de mobilidade
Na Europa, há várias cidades que têm legislação que obriga as empresas a traçar planos de mobilidade. Os funcionários podem também pressionar as empresas a fazê-lo, contribuindo para uma situação win-win – para a empresa, que recebe um funcionário mais motivado e pontual; e para o funcionário, que gasta menos tempo no trânsito e, em geral, está mais bem-disposto.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Este sim, um GOLO de bandeira

O pontapé de saída da Copa será dado por um adolescente paralisado
Não vai ser o Neymar, nem o Messi, nem o Cristiano Ronaldo, nem qualquer outro jogador de futebol superstar que dará o primeiro chute da Copa do Mundo de 2014, aqui no Brasil. Em vez disso, será um adolescente paralisado da cintura para baixo, usando o mais avançado exoesqueleto controlado pela mente do mundo. Gooooooolo da ciência!

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A vida não passa de uma troca de cheiros


(…) Ao balcão, havia pescadores, guardas fiscais, carregadores. Acima de todas as vozes, pontificava a de um velho fardado de guarda prisional, que desatinava ebriamente num mar de verborreia:

- E todas as quartas-feiras, a donzela perfumada me dá uma nota de cem coroas para que a deixe a sós com o recluso. E à quinta, as cem coroas já marcharam em cerveja que nunca mais acaba. E quando chega ao fim a hora das visitas, a donzela sai com o fedor da cadeia nos seus vestidos elegantes; e o recluso torna para a cela com o perfuma da donzela na sua roupa de condenado. E eu fico com o cheiro da cerveja. A vida não passa de uma troca de cheiros.

- A vida e também a morte, podes dizê-lo – respondeu outro bêbedo, cuja profissão, como fiquei logo a saber, era coveiro. – Eu com o cheiro da cerveja tento tirar de cima o cheiro a morto. E só o cheiro a morto te tira de cima o cheiro da cerveja, como a todos os bebedores a que tenho de abrir a cova.

Interpretei este diálogo como um aviso para me pôr em guarda: o mundo está a desfazer-se e tenta atrair-me para a sua dissolução.